Em Testemunhos de Chico Xavier (FEB, 1986), Suely Caldas Schubert destaca e comenta passagens de diálogos epistolares entre Chico Xavier e Wantuil de Freitas, presidente da Federação Espírita Brasileira entre 1943 e 1970. Além de registrar passos da vida daquele humilde apóstolo do Cristo em sua seara mediúnica, guarda momentos históricos significativos do movimento espírita brasileiro.
No capítulo “Surge André Luiz...”, traz preciosas informações sobre o desenvolvimento do trabalho de André Luiz, supervisionado por “autoridades espirituais”, incluindo Emmanuel, no que se refere às narrativas sobre a vida no mundo espiritual. Escreve Chico em uma das cartas:
Noto, contudo, que Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica, afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer-nos páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes do “Nosso Lar”. (p. 97)
O médium da Série André Luiz conta como se aproximou do autor de Nosso Lar, firmando nova amizade:
Dentro de algum tempo, familiarizei-me com esse novo amigo. Participava de nossas preces, perdia tempo comigo, conversando. Contava-me histórias interessantes e muitas vezes relacionou recordações do Segundo Império, o que me faz acreditar tenha sido ele, André Luiz, também personalidade da época referida. Achava estranho o cuidado dele, o interesse e a estima; entretanto, decorrido algum tempo, disse-me Emmanuel que estava o companheiro treinando para se desincumbir de tarefa projetada e, de fato, em 1943, iniciava o trabalho com “Nosso Lar”. (p. 98)
Mais à frente, Chico alude ao cuidado da espiritualidade superior na
transmissão de informações aos encarnados sobre temas envolvendo o mundo maior. Do período de psicografia
de Missionários da Luz (1945), tem-se
amostra desse zelo na iluminação espiritual da humanidade:
Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o “Missionários da Luz”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinício, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo Reencarnação, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho.” (p. 99)
Outras epístolas de Chico apontam
para diferentes estágios de sua parceria
mediúnica com o espírito André Luiz.
Aqui, deu-se ênfase somente ao princípio dos trabalhos envolvendo
uma Série de Obras fundamentais para a compreensão do mais além. Nunca é demais destacar que tal conjunto de livros exerce função subsidiária e complementar à
Codificação Kardequiana, o que reforça seu caráter auxiliar na conquista de
algo para o qual alerta Emmanuel no prefácio de Nosso Lar:
[...] os passos do cristão, em qualquer escola religiosa, devem dirigir-se verdadeiramente ao Cristo, e que, em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE.
Excelente publicação!
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