Em Os Mensageiros, no capítulo
homônimo ao do título deste artigo, encontramos D. Isabel, viúva e mãe muito
devotada, em reunião com seus três filhos, para a realização do Culto no Lar.
A reunião inicia-se com a prece da pequena Neli (9 anos).
A presença de trabalhadores invisíveis não se fez esperar.
Cumpre acrescentar que aquele lar representava uma das Oficinas da
colônia espiritual de Nosso Lar na cidade do Rio de Janeiro.
Joaninha, a filha mais velha, fez a primeira leitura, com base em obra
doutrinária. Em seguida, leu notícia de um episódio triste, do noticiário
comum, relativo a um suicídio.
Vencida essa etapa, D. Isabel abre o Novo Testamento, lendo o capítulo
13, versículo 31, do Evangelho de São Mateus: “Outra parábola lhes propôs,
dizendo: - O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou
e semeou no seu campo.”
A breve lição encerrava ensinamento profundo. Inspirada pelo amigo
espiritual Fábio Aleto, D. Isabel realiza a interpretação espiritual da
passagem lida.
Primeiro, a matriarca elucida o caso da jovem suicida, destacando que “ninguém
comete erros por amar verdadeiramente”. Sua entrega a paixões que rebaixam os sentimentos
foi a causa de sua partida precoce. Pelo exemplo, D. Isabel ensina a seus
filhos a ajudarem a jovem desencarnada: “Lembremos,
todavia, essa amiga desconhecida, com um pensamento de simpatia fraternal. Que
Jesus a proteja nos caminhos novos. Não estamos examinando um ato, que ao
Senhor compete julgar, mas um fato, de cuja expressão devemos extrair o
ensinamento justo.”
Novas luzes são lançadas na
interpretação do trecho evangélico. Deixaremos aqui para nossa reflexão nesse início de semana:
A mensagem evangélica desta noite assevera, pela palavra do nosso Divino Mestre aos discípulos, que o reino dos céus é também “semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu coração”. Devemos ver, neste passo, meus filhos, a lição das coisas mínimas. A esfera carnal onde vivemos está repleta de irreflexões de toda sorte. Raras criaturas começam a refletir seriamente na vida e nos deveres, antes do leito da morte física. Não devemos fixar o pensamento tão só nessa jovem que se suicidou em condições tão dramáticas, ao nos referirmos aos ensinos de agora. Há homens e mulheres, com maiores responsabilidades, em todos os bairros, que evidenciam paixões nefastas e destruidoras no campo dos sentimentos, dos negócios, das relações sociais. As mentes desequilibradas pela irreflexão permanecem, neste mundo, quase por toda a parte. É que nos temos descuidado das coisas pequeninas. Grande é o oceano, minúscula é a gota, mas o oceano não é senão a massa das gotas reunidas. Fala-nos o Mestre, em divino simbolismo, da semente de mostarda. Recordemos que o campo do nosso coração está cheio de ervas espinhosas, demorando, talvez, há muitos séculos, em terrível esterilidade. Naturalmente, não deveremos esperar colheitas milagrosas. É indispensável amanhar a terra e cuidar do plantio. A semente de mostarda, a que se refere Jesus, constitui o gesto, a palavra, o pensamento da criatura.
[...]
Toda vez que ‘pegarmos’ desses grãos, consoante a Palavra Divina, semeando-os no campo íntimo, receberemos do Senhor todo o auxilio necessário. Conceder-nos-á a chuva das bênçãos, o sol do amor eterno, a vitalidade sublime da esfera superior. Nossa semeadura crescerá e, em breve tempo, atingiremos elevadas edificações. Aprendamos, meus filhos, a ciência de começar, lembrando a bondade de Jesus a cada instante. O Mestre não nos desampara, segue-nos amorosamente, inspira-nos o coração. Tenhamos, sobretudo, confiança e alegria!”ANDRÉ LUIZ (Espírito); CHICO XAVIER (Médium). Os Mensageiros. Rio de Janeiro: FEB, 1944. Cap. 35 – Culto Doméstico.
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