"Em termos de psicologia profunda, a questão do julgamento das faltas alheias constitui um grave cometimento de desumanidade em relação àquele que erra.
"O problema do pecado pertence a quem o pratica, que se encontra, a partir daí, incurso em doloroso processo de autoflagelação, buscando, mesmo que inconscientemente, liberar-se da falta que lhe pesa como culpa na economia da consciência.
"A culpa é sombra perturbadora na personalidade. responsável por enfermidades soezes, causadoras de desgraças de vária ordem.
"Insculpida nos painéis profundos da individualidade, programa, por automatismos, os processos reparadores para si mesma.
"Toda contribuição de impiedade, mediante os julgamentos arbitrários, gera, por sua vez, mecanismos de futura aflição para o acusador, ele próprio uma consciência sob o peso de vários problemas.
"Julgando as ações que considera incorretas no seu próximo, realiza um fenômeno de projeção da sua sombra em forma de autojustificação, que não consegue libertá-lo do impositivo das suas próprias mazelas.
"A tolerância, em razão disso, a todos se impõe como terapia pessoal e fraternal, compreendendo as dificuldades do caído, enquanto lhe distende mãos generosas para o soerguer.
"Na acusação, no julgamento dos erros alheios, deparamos com propósitos escusos e vingança-prazer em constatar a fraqueza dos outros indivíduos, que sempre merecem a misericórdia que todos esperamos encontrar quando em circunstâncias equivalentes."
Joanna de Ângelis (Espírito). Jesus e Atualidade. Psicografia de Divaldo Pereira Franco. Salvador (BA): LEAL, 1989. Cap. 5 - Jesus e tolerância.
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