"(...) A
meditação deve ser, inicialmente, breve e gratificante, da qual se retorne com
a agradável sensação de que o tempo foi insuficiente, o que predispõe o candidato
a uma sua dilatação.
"Através de uma concentração
analítica, o neófito examina as suas carências e problemas, os seus defeitos e
as soluções de que poderá dispor para aplicar-se.
"Não se trata de uma gincana
mental, mas de uma sincera observação de si mesmo, dos recursos ao alcance e
dos temores, condicionamentos, emoções perturbadoras que lhe são
habituais. Estudando um problema de cada vez, surge a clara solução como proposta
liberativa que deve ser aplicada sem pressa, com naturalidade.
"A sua repetição sistemática,
sem solução de continuidade, uma ou duas vezes ao dia, cria uma harmonia
interior capaz de resistir às investidas externas sem perturbar-se,
por mais fortes que se apresentem.
"Após a meditação analítica,
descobrindo as áreas frágeis da personalidade e os pontos nevrálgicos da
conduta, o exercício de absorção de forças mentais e morais torna-se-lhe o
antídoto eficiente, que predispõe ao bem-estar, encorajando ante as inevitáveis
lutas e vicissitudes do viver cotidiano.
"As empresas do dia-a-dia
fazem-se fenômenos existenciais que não assustam, porque o indivíduo
conhece as suas possibilidades de enfrentamento e realização, aceitando umas, e
de outras declinando, sem aturdimentos emocionais, nem apegos perturbadores.
"Sucessivamente passa do estado
de análise para o de tranquilidade, deixando a reflexão e experimentando a
harmonia, sem discussão intelectiva, como quem se embriaga da beleza de
uma paisagem, de uma agradável recordação, da audição de uma página musical, de
um enlevo, nos quais apenas frui, sem questionamento, sem raciocinar. Fruir é
banhar-se por fora e penetrar-se por dentro, simplesmente, desfrutando.
"Passado um regular
período de alguns anos, por exemplo, a avaliação patenteará os resultados.
"Quais as conquistas obtidas? De
que se libertou? Quantas aquisições de instrumentação para o equilíbrio? Estas
questões se revestem de magna significação, por atestarem o progresso emocional
logrado, dispondo a mais amplos experimentos.
"A meditação, portanto, não deve
ser um dever imposto, porém, um prazer conquistado.
(...)
"O
homem, que se autodescobre, faz-se indulgente e as suas se tornam ações de
benevolência, beneficência, amor. O seu espaço íntimo se expande e alcança
o próximo, que alberga na área do seu interesse, modificando para
melhor a convivência e a estrutura psicológica do seu grupo social.
"Assim, o ato de meditar deve ser sucedido pela experiência do
viver-agir, porquanto será inútil a mais excelente terapia teórica ao
paciente que se recusa, ou não se resolve aplicá-la na sua enfermidade.
(...)
"Uma das diferenças entre quem medita e aquele que o não faz, é a
atitude mental mediante a qual cada um enfrenta os problemas. O primeiro age
com paciência ante a dificuldade e o segundo reage com desesperação.
"Assim, o importante e essencial é dominar a mente, adquirindo o
hábito de ser bom."
Joanna de Ângelis (Espírito). O homem integral. Psicografia de Divaldo
Pereira Franco. Salvador (BA): LEAL, 1990. VIII Parte. 35 – Meditação e ação.