quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Meditação e Ação


"(...) A meditação deve ser, inicialmente, breve e gratificante, da qual se retorne com a agradável sensação de que o tempo foi insuficiente, o que predispõe o candidato a uma sua dilatação.

"Através de uma concentração analítica, o neófito examina as suas carências e problemas, os seus defeitos e as soluções de que poderá dispor para aplicar-­se.

"Não se trata de uma gincana mental, mas de uma sincera observação de si mesmo, dos recursos ao alcance e dos temores, condicionamentos, emoções perturbadoras que lhe são habituais. Estudando um problema de cada vez, surge a clara solução como proposta liberativa que deve ser aplicada sem pressa, com naturalidade.

"A sua repetição sistemática, sem solução de continuidade, uma ou  duas vezes ao dia, cria uma harmonia interior capaz de resistir às investidas externas sem perturbar­-se, por mais fortes que se apresentem.

"Após a meditação analítica, descobrindo as áreas frágeis da personalidade e os pontos nevrálgicos da conduta, o exercício de absorção de forças mentais e morais torna­-se­-lhe o antídoto eficiente, que predispõe ao bem­-estar, encorajando ante as inevitáveis lutas e vicissitudes do viver cotidiano.

"As empresas do dia-­a­-dia fazem­-se fenômenos existenciais que não assustam, porque o indivíduo conhece as suas possibilidades de enfrentamento e realização, aceitando umas, e de outras declinando, sem aturdimentos emocionais, nem apegos perturbadores.

"Sucessivamente passa do estado de análise para o de tranquilidade, deixando a reflexão e experimentando a harmonia, sem discussão intelectiva, como quem se embriaga da beleza de uma paisagem, de uma agradável recordação, da audição de uma página musical, de um enlevo, nos quais apenas frui, sem questionamento, sem raciocinar. Fruir é banhar­-se por fora e penetrar­-se por dentro, simplesmente, desfrutando.

"Passado um regular  período de alguns anos, por exemplo, a avaliação patenteará os resultados.

"Quais as conquistas obtidas? De que se libertou? Quantas aquisições de instrumentação para o equilíbrio? Estas questões se revestem de magna significação, por atestarem o progresso emocional logrado, dispondo a mais amplos experimentos.

"A meditação, portanto, não deve ser um dever imposto, porém, um prazer conquistado.

(...)

"O homem, que se autodescobre, faz-­se indulgente e as suas se tornam ações de benevolência, beneficência, amor. O seu espaço íntimo se expande e alcança o próximo, que alberga na área do seu  interesse, modificando para melhor a convivência e a estrutura psicológica do seu grupo social.

"Assim, o ato de meditar deve ser sucedido pela experiência do viver­-agir, porquanto será inútil a mais excelente terapia teórica ao paciente que se recusa, ou não se resolve aplicá-­la na sua enfermidade.

(...)

"Uma das diferenças entre quem medita e aquele que o não faz, é a atitude mental mediante a qual cada um enfrenta os problemas. O primeiro age com paciência ante a dificuldade e o segundo reage com desesperação.

"Assim, o importante e essencial é dominar a mente, adquirindo o hábito de ser bom."


Joanna de Ângelis (Espírito). O homem integral. Psicografia de Divaldo Pereira Franco. Salvador (BA): LEAL, 1990. VIII Parte. 35 – Meditação e ação.

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